terça-feira, 12 de janeiro de 2010

PONTA-CABEÇA

A chuva atravessada
Me molha devagar
Com cheiro de chuva desapressada

Se lembra meu amigo
Quando a vida era excitação
Tudo era belo e divertido

A gente saía sem rumo
Andava sem horas pela noite
A gente sentia o mundo

Nossa turma jovem
Elite da malandragem
No topo da pirâmide da desordem

Vamos voltar àquele tempo
Onde não havia preocupações
Daquele bom e velho jeito

Nosso trabalho é tão chato
Nossas caras tão sérias
Será nosso sonho tão barato?

E as segundas-feiras de férias
Assim como as terças e quartas
Nossas felizes insanas idéias

Cara, vamos jogar isso pro alto
Vamos deixar a vida de ponta-cabeça
Saciar hoje nossa sede de asfalto

As aventuras eram felizes
Agora vejo a vida estática
Cultivando velhas cicatrizes

Meus melhores amigos de sempre
Cadê nosso espírito desajuizado?
O nosso “dane-se” tão sagrado

E se déssemos uma chance ao acaso?
Você não se sentiria melhor?
E se déssemos uma chance ao bom do passado?

Parece que estamos envelhecendo
Três meses a cada dia
De tempo em tempo é preciso que esteja chovendo

E eu assim como vocês a não sorrir
Transpiro decepção e tédio
De tempo em tempo é preciso deixar a chuva cair.

A chuva atravessada
Ainda me molha devagar
Com cheiro de chuva desapressada

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